#1 - Entrevista com Fernando Amaral


Fernando Amaral
É com muita alegria que começo a série de entrevistas do blog com o Fernando Amaral. Para quem não o conhece, ele é um daqueles loucos que ainda acredita na cultura sobrevivendo da música e que recentemente inaugurou o espaço físico da Galeria Contemporânea.


Em entrevista ele me contou que o amor pela cultura e arte começou quando teve a ideia de fazer um mapeamento cultural na cidade de Caçador em forma de revista, que futuramente se tornaria um site no estilo Wikipedia. O objetivo da revista era: pesquisar bandas que já surgiram por aqui e dar uma facilitada na comunicação dos eventos que fossem ocorrer na cidade. A circulação do informativo era gratuita e teve 4 edições e meia. “A última edição ainda ficou pela metade no meu HD”, comenta Fernando. Mas, esse trabalho de fazer uma revista sobre cultura não foi algo muito fácil. “Cultura, infelizmente, não é prioridade aqui em nossa terra”, afirma Fernando.

Ao longo da nossa conversa foi inevitável perguntar sobre o seu primeiro contato com a cultura. Enquanto ia lustrando um violão, comentou que sua mãe dizia que ele dançava com as músicas da banda gaúcha Engenheiros do Hawaii e que com 6 anos de idade já comprava discos das bandas: Mr. Big e Gun’s N’ Roses. “Fazia meu pai sair junto comigo e ir nas lojas de discos para eu comprar”, explica o entrevistado.

Nascido e criado em Caçador, estudou música durante 3 anos e meio na UDESC de Floripa mas, não chegou a se formar. Lá ele aprendeu a dar aula e conta que herdou muita coisa boa, que utiliza até os dias de hoje. “Tive a oportunidade de estagiar no estúdio da faculdade e como ninguém queria trabalhar lá mandaram o estagiário para aquele setor”, contando aos risos.

Fui convidado pelo entrevistado a passar um dia sem compromisso para conhecer a Galeria Contemporânea. Nunca tinha conversado com ele antes mas, mesmo assim ele me prometeu um café. Durante o tempo que fiquei lá exigi minha xícara de café e tenho que confessar que estava bom.

Atualmente a Galeria conta com aproximadamente 25 alunos, isso sem muita divulgação por enquanto. O negócio de Fernando já existe há um ano e meio mas, como comentei no início, só agora que tem um espaço físico para poder colocar suas ideias em prática.

Na Galeria já está rolando alguns Workshops, pois o objetivo principal do espaço é ser um local democrático em que as pessoas possam correr atrás de suas necessidades e isso não é só para alunos mas sim para profissionais e outras pessoas que compartilham da mesma paixão pela arte e cultura.

Um professor de desenho já foi contratado para dar aulas por lá também. Já houve inclusive contatos para ministrar aulas de teatro e dança mas, somente para o ano que vem. A galeria conta também com serviço de Luthieria, para aqueles que desconhecem esse termo, significa manutenção de instrumentos musicais, ou seja, na Galeria você compra, arruma,discute e profissionaliza.


Woesley Johhan Suzin - Professor de Violão e Guitarra na Galeria
E uma coisa que achei muito interessante é o fato de que o lugar é tão aconchegante que a gente se sente bem apenas por estar ali dentro partilhando de uma boa conversa. Por cima do balcão achei cartões de visita de músicos que atuam há tempos pelos mais variados cantos de nossa cidade e também encontrei muitos trabalhos artesanais por lá. E dei a ideia de deixar uma parede livre para aqueles que forem visitar a Galeria deixar sua assinatura.
Trabalhos de artesanato da May Kelly
Um fato que não poderia deixar de comentar foi que Fernando falou que ele não se vê sendo um bom vendedor. Segundo ele, não conseguiria vender algo que ele não comprasse. “Até esses dias veio um rapaz aqui e queria comprar um pedal duplo para sua bateria, olhei pra ele e disse: ‘– Cara compra pela internet que é mais barato’”, comentou ele rindo.

Não pude deixar de perguntar também se ele recebeu mais apoio ou mais malhação com a abertura do espaço. Segundo ele o saldo está positivo, muitas pessoas estão apoiando e recomendando o lugar. 

A entrevista foi feita de surpresa e isso que foi o mais legal, tudo foi natural, pois é um saco quando você comunica que vai fazer uma entrevista e a pessoa se prepara, lê um monte de coisa e quando você chega está tudo na ponta da língua. E para pegar mais de surpresa ainda, pedi para que Fernando falasse uma frase que achasse interessante. Demorou um pouco para escolher, pois o mesmo gosta de escutar muita música instrumental, mas lembrou-se de uma, confira aí:

 “Blues é para quem merece mas, arte também é pra quem merece. Tem que ter uma cabeça aberta para conseguir lidar com ela”

E com essa frase eu encerro a primeira entrevista que consegui concluir com sucesso para o Blog do Biel.

E cuidado, você pode ser o próximo a ser entrevistado!

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