O poder de uma CNH
O ano de 2014 foi repleto de boas notícias para mim. Graças ao bom Deus, fui dispensando por excesso de contingente do serviço militar obrigatório, consegui um estágio com contrato de três meses, que tempos depois me auxiliou a ficar mais tranquilo em algumas matérias da faculdade, e a tão esperada e desejada Carteira Nacional de Habilitação.
Lembro-me muito bem o dia em que peguei a minha CNH. Estava voltando do estágio, em cima da hora de ir para a aula na faculdade e meu ex-chefe ligou para autoescola perguntando se precisava ser o titular para pegar a habilitação. Como não havia necessidade de eu buscar, liguei para o meu pai que logo depois de sair do serviço pegou a carteira e em seguida me entregou.
Foram meses para me acostumar a dirigir o carro do pai e adquirir sua confiança. No começo sempre ia acompanhado de alguém, minha mãe sempre estava escalada para ir comigo nos passeios. Meses se passaram e a confiança foi aumentando e mais tarde já tinha autonomia para pegar o carro e sair sozinho, com a permissão do dono, é claro.
Nunca me esqueço de uma vez que meu tio falou que era para tomar cuidado com o excesso de confiança pois, muitas vezes, ela auxiliava na desatenção e, obviamente, um risco maior de acontecer algum acidente. Concordei para não perder a amizade mas, achei que aquilo era balela.
Um belo dia fui com a mãe em um mercado, entrei no estacionamento e tinha apenas uma vaga. Estacionei, fizemos as compras e na hora de sair esqueci que tinha um baita pilar ao lado do carro, dei a ré e percebi que o possante fez um trajeto estranho. Saí para olhar e constatei que o para-lama do carro estava amassado, com alguns arranhões e um pouco da tinta do pilar. Meu Deus do céu! Suei frio e o coração disparou, não estava preocupado com o prejuízo da batida, mas sim da mijada que iria levar do pai.
Cheguei em casa peguei o sabão e consegui tirar os resquícios de tinta amarela do carro, então fui até o serviço do pai mostrar o estrago. Antes passei num chapeador e pedi um orçamento. Em cinco minutos o cara voltou e me disse que sairia por R$370,00. Meu pai se assustou com minha chegada, mostrei a batida e teve aqueles dois minutos de silêncio que pareceu durar uma hora, após uma breve coçada na sobrancelha ele falou: Bá! Justo você que é cuidadoso, enfim leve o carro pra casa e depois vemos isso aí.
Achamos outro chapeador que fez mais barato – inclusive ainda tenho esta dívida com meu pai – (tomara que ele não esteja lendo esse texto, hehehehehe), mas depois disso viajei com a família até Itajaí-SC na boleia e ainda fui até uma cidade próxima daqui de Caçador para assistir um filme com minha namorada e meus cunhados.
É claro que todo motorista não gosta de citar seus acidentes, então para finalizar a crônica vou contar outra história que é mais engraçada.
Certo dia estava de carro e fui levar um amigo meu para casa, onde é normal ter algumas crianças jogando bola e se divertindo na rua. Alguns eu conheço da época do colégio, de vista. Enfim, eis que este escritor aqui que estava dirigindo apontou na reta e a criançada se entristece por ter que paralisar o jogo. Nisso um menino me vê e no mesmo momento fica sem nenhum movimento, boquiaberto. Quando parei o carro o guri cutuca o companheiro e que chegam mais perto para dar aquela conferida se era eu mesmo ao volante... Eu, mais feliz que ganso novo em taipa de açude, olho pro cidadão e digo: “E aí rapaz, tudo certo?”. O menino continuou quieto por um tempo e, por fim, disse: “Você nem sabe dirigir!” - Respondi: “O pior é que sei, cara! Até mais!” Arranquei e saí.
No momento me lembrei do tempo em que eu estava no lugar deste menino, querendo mais do que tudo poder dirigir, ter aquela ideia de ser independente, ser “O cara”. Mas infelizmente tudo isso vai por água abaixo quando você encosta o carro no posto de gasolina e diz pro frentista: “Bota quinze pila de gasolina aí pra nóis”. O passo de ter a CNH está completo, mas a etapa de adquirir um automóvel próprio vai ficar apenas nos planos por enquanto. Enquanto isso vou sentindo o vento na cara com a minha potente bicicleta.
Correção: Tamirys Taborda
Imagem: Acervo Pessoal
Lembro-me muito bem o dia em que peguei a minha CNH. Estava voltando do estágio, em cima da hora de ir para a aula na faculdade e meu ex-chefe ligou para autoescola perguntando se precisava ser o titular para pegar a habilitação. Como não havia necessidade de eu buscar, liguei para o meu pai que logo depois de sair do serviço pegou a carteira e em seguida me entregou.
Foram meses para me acostumar a dirigir o carro do pai e adquirir sua confiança. No começo sempre ia acompanhado de alguém, minha mãe sempre estava escalada para ir comigo nos passeios. Meses se passaram e a confiança foi aumentando e mais tarde já tinha autonomia para pegar o carro e sair sozinho, com a permissão do dono, é claro.
Nunca me esqueço de uma vez que meu tio falou que era para tomar cuidado com o excesso de confiança pois, muitas vezes, ela auxiliava na desatenção e, obviamente, um risco maior de acontecer algum acidente. Concordei para não perder a amizade mas, achei que aquilo era balela.
Um belo dia fui com a mãe em um mercado, entrei no estacionamento e tinha apenas uma vaga. Estacionei, fizemos as compras e na hora de sair esqueci que tinha um baita pilar ao lado do carro, dei a ré e percebi que o possante fez um trajeto estranho. Saí para olhar e constatei que o para-lama do carro estava amassado, com alguns arranhões e um pouco da tinta do pilar. Meu Deus do céu! Suei frio e o coração disparou, não estava preocupado com o prejuízo da batida, mas sim da mijada que iria levar do pai.
Cheguei em casa peguei o sabão e consegui tirar os resquícios de tinta amarela do carro, então fui até o serviço do pai mostrar o estrago. Antes passei num chapeador e pedi um orçamento. Em cinco minutos o cara voltou e me disse que sairia por R$370,00. Meu pai se assustou com minha chegada, mostrei a batida e teve aqueles dois minutos de silêncio que pareceu durar uma hora, após uma breve coçada na sobrancelha ele falou: Bá! Justo você que é cuidadoso, enfim leve o carro pra casa e depois vemos isso aí.
Achamos outro chapeador que fez mais barato – inclusive ainda tenho esta dívida com meu pai – (tomara que ele não esteja lendo esse texto, hehehehehe), mas depois disso viajei com a família até Itajaí-SC na boleia e ainda fui até uma cidade próxima daqui de Caçador para assistir um filme com minha namorada e meus cunhados.
É claro que todo motorista não gosta de citar seus acidentes, então para finalizar a crônica vou contar outra história que é mais engraçada.
Certo dia estava de carro e fui levar um amigo meu para casa, onde é normal ter algumas crianças jogando bola e se divertindo na rua. Alguns eu conheço da época do colégio, de vista. Enfim, eis que este escritor aqui que estava dirigindo apontou na reta e a criançada se entristece por ter que paralisar o jogo. Nisso um menino me vê e no mesmo momento fica sem nenhum movimento, boquiaberto. Quando parei o carro o guri cutuca o companheiro e que chegam mais perto para dar aquela conferida se era eu mesmo ao volante... Eu, mais feliz que ganso novo em taipa de açude, olho pro cidadão e digo: “E aí rapaz, tudo certo?”. O menino continuou quieto por um tempo e, por fim, disse: “Você nem sabe dirigir!” - Respondi: “O pior é que sei, cara! Até mais!” Arranquei e saí.
No momento me lembrei do tempo em que eu estava no lugar deste menino, querendo mais do que tudo poder dirigir, ter aquela ideia de ser independente, ser “O cara”. Mas infelizmente tudo isso vai por água abaixo quando você encosta o carro no posto de gasolina e diz pro frentista: “Bota quinze pila de gasolina aí pra nóis”. O passo de ter a CNH está completo, mas a etapa de adquirir um automóvel próprio vai ficar apenas nos planos por enquanto. Enquanto isso vou sentindo o vento na cara com a minha potente bicicleta.
Correção: Tamirys Taborda
Imagem: Acervo Pessoal
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