Viagem no tempo

Se eu pudesse escolher voltar ao passado ou ir ao futuro eu desejaria, sem dúvidas, a segunda opção. Gostaria de saber o que estaria fazendo daqui quinze anos, mas não gostaria de mexer em nada, se eu pudesse ficar apenas observando. Seria algo muito legal. 

Muitos físicos já tentaram ver a possibilidade de viajar no tempo e, até hoje, não houve êxito, porém a ficção nos dá esse gostinho de saber como seria.  Se pararmos para pensar, esse assunto é algo muito complexo, se voltássemos no tempo e conseguíssemos mudar alguma coisa tudo iria ser muito diferente, não é mesmo?


Seguindo essa lógica, hoje o texto vai ser um pouco diferente: vou tentar criar uma daquelas histórias mirabolantes, estilo Veríssimo...

Era uma vez um ser chamado “Svargabolts”, mais conhecido por “Svars”. Ele estava concluído a sua passagem pela escola. Desde pequeno tinha dúvidas em que profissão seguir. Suas opções eram: ladrão, padre ou policial. Ladrão ele não poderia ser, pois apanharia de seu pai e, principalmente, de sua mãe; padre seria inviável, pois gostaria de constituir uma família. A única alternativa que restou foi ser policial.

Ao lado de baixo da cerca de Svars morava a doce Mistrugilda, que foi carinhosamente apelidada por sua irmã mais velha de Gildinha. Era alguns anos mais jovem que seu vizinho mas, isso não impedia que ambos pudessem conversar pelo muro. Svars e Gildinha eram extremamente tímidos, ambos gostariam de poder convidar o outro para dar uma volta, mas ao mesmo tempo morriam de vergonha. 

Até que um belo dia um sorveteiro encheu seu carrinho de picolés e recebeu ordens de seu chefe para ir até bairro Alameda, onde, por uma pequena coincidência do destino, nossos protagonistas moravam. O pobre do picolezeiro não conhecia muito bem a cidade mas, aceitou a tarefa e foi desvendando as ruas da pequena cidade chamada Capivaracity. 

O picolezeiro em questão era conhecido como “Tião-Pé-Frio”. O coitado sempre voltava com seu carrinho sem nenhum picolé vendido, estava na corda bamba, e se ele voltasse mais uma vez sem lucro ele seria mandado embora. Por falha, ou acerto, do destino quando Tião surgiu no começo da subida que dava pra casa da Gildinha, Svars apareceu no muro para dar boa tarde à sua vizinha e vendo o picolezeiro se aproximar perguntou se Gildinha não gostaria de saborear um picolé, e ela muita acanhada, aceitou a oferta. Quando Svars entrou em casa para pegar o dinheiro lembrou-se que não tinha. Foi então até o quarto de sua irmã e só encontrou uma nota de cem reais. Quando a Gildinha viu aquela nota previu que o tio do picolé não teria troco e gritou para o Svars que ela pagaria aquele picolé. Sua previsão estava correta, Tião nunca tinha troco, pois o mesmo sempre comprava cigarro na venda do Whilson.

Aquele foi o dia mais feliz da vida de Tião, na primeira casa que ele parou conseguiu vender dois picolés. Para agradar a freguesia, falou para os dois que eles formavam um casal muito bonito e, desde então, os dois começaram a conversar mais e perder a timidez.

A mãe de Svars gostava da pequena Mistrugilda e sempre a convidava para comer uns bolinhos de chuva que ela preparava quando a chuva ameaçava chegar. A mãe da menina também gostava de Svars por sua agilidade em cortar lenha. Após algum tempo as mães começaram a notar que aquela amizade poderia se tornar um namoro, e como ambas progenitoras eram bem zueiras, elas começavam a pegar no pé dos pombinhos.

Os anos se passaram e Svargabolts foi chamado para servir ao exército em outra cidade que se distanciava em 12 horas de viagem. Essa notícia quase partiu o pobre coraçãozinho de Mistrugilda mas, depois de um ano de cartas e telegramas enviadas, Gildinha fez suas malas e foi morar com seu amor, Svargabolts.

Depois de um tempo ambos voltaram para pacata cidade Capivaracity e tiveram duas filhas. A mais velha se chama Suzete e a mais nova Ágata. Por ironia do destino, Ágata foi abençoada com um belo gosto para escolher seu pretendente e escolheu o jovem e astuto Gabriel, ops, quer dizer, Hilton.

 Após uns 20 anos de toda essa história envolvendo a venda do picolé, Svargabolts estava filosofando sobre sua vida e começou a pensar na possibilidade de que se ele voltasse no tempo e tivesse ignorado a compra do picolé com o Tião, talvez eles nem tivesse chegado a se casar. O jovem e astuto Hilton começou a pensar na possibilidade dessa viagem e começou a imaginar que o coitado do Tião iria ficar subindo e descendo aquele morro umas oitenta vezes e com aquele sentimento:

- Eu sinto que eu deveria estar neste lugar!

Revisão: Tamirys Taborda
Imagem: http://goo.gl/iZJikr

Comentários

  1. Caraca, adorei esse texto, Gabriel!
    Muito massa, criativo e bem escrito.
    Senti um gostinho de autobiografia ali no final, é isso mesmo? hahaha Gostei!

    A única coisa que não gostei foi a vontade que me deu de bolinho de chuva! E eu não tenho nem o bolinho e nem a chuva!

    Parabéns, continue o bom trabalho!

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  2. OI SENHOR BIEL
    ADOREI A HISTÓRIA DA SUA FAMÍLIA
    QUERO CONHECER SUA NOIVA LOGO
    ABRASOS

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  3. Esta história não é me estranha kkkkkk gostei

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