Violão e Eu
Quando eu era criança, não dava tempo de chegar no ato
penitencial, eu já estava roncando deitado no banco da segunda fileira da
Igreja Nossa Senhora Rainha. Com o tempo, fui perdendo o sono e comecei a
prestar mais atenção na missa. Resolvi ser coroinha, tendo em vista que na
minha comunidade não tinha, então me dediquei a isso, e fui coroinha por um bom
tempo, até que despertei o desejo de um outro garoto a se tornar coroinha,
dividimos o serviço várias e várias vezes, até que decidi deixar o garoto
continuar trabalhando sem mim.
Adorava ser coroinha, mas sempre ficava prestando atenção no
animador, até que encasquetei com a ideia: “Vou aprender a tocar violão um
dia!”.
E na aula, dois amigos, estavam tendo aula de violão, pedi pros
meus pais me pagarem umas aulas, mas devido ao meu irmão ter feito meu pai
reformar um violão e colocá-lo em um curso uma vez e o mesmo desistir na
primeira aula, recebi um não. Mas não desisti, peguei o violão velho que tinha
em casa, coloquei cordas de náilon e comecei a ter aula com um amigo meu. Mais
tarde, montamos uma banda para se apresentar num evento da escola, me
apresentei com uma guitarra que meu irmão me ajudou a comprar e, mais tarde,
meus pais e outros familiares ajudaram nas despesas do instrumento.
As primeiras aulas foram difíceis, mas até que aprendi a fazer
todos os acordes maiores, e tocar a música “The last Kiss” da banda de rock
alternativo norte-americana chamada Pearl Jam. Mas não conseguia cantá-la, até
que depois de muito treino consegui. Depois disso me aventurei pelos clássicos
da minha banda preferida: Legião Urbana.
Pedi ajuda para um companheiro de caminhada da Pastoral da
Juventude, e o mesmo me convidou para animar uma missa com ele, sendo que mais
tarde fui avisado por ele que teria que animar uma missa sozinho, pois ele
estaria viajando naquele fim de semana, criei coragem e toquei, não foi um
total desastre, mas pelo menos perdi o medo.
Sei pouca coisa sobre teoria musical (Quase nada), muito menos
sobre tom, minha voz não é a mais bonita para se ouvir, mas toco nas missas com
a maior felicidade, e um fato inusitado me aconteceu na última missa que
animei: um casal de crianças estava na Igreja com a sua família, e ao fim da
missa a mãe das crianças me pediu se dava pro menininho tocar na minha
guitarra, peguei o menino no colo e levei até a guitarra, coloquei ao seu
alcance e falei: Toque. O garotinho tocou nas cordas e foi para os braços de
sua mãe. Sua Irmã também quis tocar nas cordas. Quando guardei a minha guitarra
na bag, comecei a pensar: será que eu
consegui um possível violonista para o futuro? Espero que sim...
Foto: Viviane Basílio
Revisão: Márcio Roberto Goes
*Texto originalmente escrito para a Tribuna Regional*
Foto: Viviane Basílio
Revisão: Márcio Roberto Goes
*Texto originalmente escrito para a Tribuna Regional*
Caramba! A sensação de ser um exemplo, mesmo sem querer, é estranha e, ao mesmo tempo, muito gratificante. Tenho duas coisas a considerar: 1- você tem um ótimo gosto musical. Legião Urbana é demais! 2- Viu só como você toca violão!! =)
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