O nebulizador

Sabe aquele sonho que a gente tem e acorda meio confuso e perdido? Provavelmente você já deve ter passado por isso. Alguns dizem que o sonho pode estar relacionado a coisas que você gostaria muito que acontecesse, daí vem os sonhos bons, ou porque seu dia foi cansativo, daí que vêm os sonhos ruins.


Eu não costumo me lembrar dos meus sonhos. Inclusive, há relatos de familiares que já me acordaram no meio da noite, conversamos e no outro dia de manhã não me lembrava do fato. Uma vez caiu uma televisão de plasma em cima da minha cama, fez um estardalhaço e eu continuei dormindo, ou seja, nota-se que o rapaz aqui vos escreve tem um sono bem sossegado.

Certa vez peguei uma gripe bem forte, passei alguns dias bem mal até que fui ao médico. Chegando lá o doutor constatou que eu estava com bastante catarro nos pulmões, e para expulsá-los de lá precisava de um “nebulizador” (Um aparelho que administra algum tipo de medicamento sob a forma de vapor, que então é inalada para os pulmões do paciente através de uma máscara ligada ao equipamento), meu pai o conseguiu pela empresa onde ele trabalhava na época. Aquele aparelho era o máximo, tinha um cheiro um pouco ruim, mas eu gostava, pois de fato estava ajudando na minha recuperação. 

Eis que em um certo dia, recém tinha chegado da aula, fui até a sala ver televisão e inalar o tal remédio.  Me lembro que estava passando um jogo por um campeonato estrangeiro, eu e meu irmão estávamos à postos pra ver a partida. Depois do tratamento jantei, tomei banho e fui dormir.

Não sei por que cargas d’água acabei me lembrando do sonho que tive aquela noite, foi mais ou menos assim: estava assistindo o jogo com meu irmão e acabei precisando da ajuda da minha mãe para alguma coisa, quando cheguei até a porta da cozinha vi meu pai e minha mãe sentados conversando, a mãe estava chorando, então espiei pela porta que estava um pouco aberta, e escutei meu pai dizendo que eu tinha apenas uma semana de vida.

Aquilo acabou comigo, imagine, tinha sonho de virar presidente do Brasil e poder dar a volta no mundo, e ia morrer tão cedo? Sem ao menos me formar no ensino fundamental? Porque eu tinha que morrer justamente agora? Então voltei correndo pra sala sem ninguém perceber. Então veio minha mãe e pediu se eu queria alguma coisa. Pensei comigo, já que é minha ultima semana de vida, quero batata frita! A mãe respondeu rapidamente é claro meu filho e comecei a ficar alegre. Depois pedi pra ela fazer lasanha de almoço no dia seguinte e ela concordou.

No dia seguinte, ainda no meu sonho, falei pro pai que queria viajar pro Beto Carreiro World, ele respondeu que era só fazer as malas naquele dia que estaríamos indo. Quando terminei de fazer minha mala  acordei e percebi que tudo aquilo foi um sonho. Fiquei muito brabo porque não consegui finalizar a minha viagem, mas estava vivo e isso era um bom sinal. 

Foto: Acervo Pessoal
Revisão: Bianca Karine Grobe